Sustentabilidade em condomínios: estratégias práticas para dominar em 2026
- Caio Barros
- 24 de nov.
- 7 min de leitura
Se você está à frente de um condomínio, seja como síndico, síndico profissional ou gestor, já deve ter percebido que “ser sustentável” deixou de ser apenas papo de marketing para virar vantagem real.
Redução de custos operacionais, valorização do imóvel, engajamento dos moradores e posicionamento estratégico do condomínio no mercado são benefícios concretos quando a sustentabilidade é bem aplicada.

Mas o que diferencia as iniciativas “bonitinhas” daquelas que realmente funcionam no dia-a-dia condominial?
Confira agora exemplos, orientações detalhadas, erros comuns e como estruturar um plano de ação efetivo.
Planejamento estratégico e diagnóstico inicial
Diagnóstico energético-hidráulico
Levante o consumo de energia elétrica do condomínio nos últimos 12 a 24 meses: iluminação, elevadores, bombas de recalque, ar-condicionado nas áreas comuns.
Levante consumo de água da rede pública + água tratada (se houver) + esgoto.
Identifique grandes consumidores (máquinas de piscina, caldeira, equipamentos de climatização, ar condicionados centrais) e pontos de desperdício (vasos sanitários vazando, torneiras pingando, chuveiros em função nas áreas externas, duchas mal dimensionadas).
Verifique se há “invisíveis”, por exemplo luminárias que ficam ligadas 24 h, bombas que operam mesmo sem necessidade, áreas externas iluminadas demais.
Identifique perfil do condomínio
Número de unidades, número de moradores, área das áreas comuns, piscina, quadra, espaços fitness, elevadores.
Tipo de morador: famílias, solteiros, idosos, escritórios (se for misto uso), isso influenciará consumo, comportamento e aceitação das medidas.
Orçamento disponível e possibilidade de investimento (previsto em fundo, Cota extraordinária, financiamento para obras verdes).
Grau de engajamento dos condôminos: existe comissão de sustentabilidade? Já ocorreram assembleias sobre o tema? Qual o nível de adesão aos temas “ambientais”?
Defina metas claras e mensuráveis
Por exemplo: “reduzir consumo de energia elétrica em 15 % no próximo ano” ou “reduzir consumo de água potável em 20 % até dezembro 2026”. Essas metas devem estar alinhadas ao orçamento e ao cronograma de implantação das melhorias.
Priorize iniciativas de impacto × complexidade
Um bom esquema é:
Baixo custo / alta simplicidade / impacto moderado → início rápido.
Médio custo / média complexidade / impacto alto → médio-prazo.
Alto custo / maior complexidade / impacto muito alto → longo prazo (com aprovação em assembleia, estudos técnicos).
Por exemplo: mudar lâmpadas por LED é de baixo custo/impacto moderado; instalar painéis solares ou sistema de reuso de água pode ser custo alto, complexidade maior, impacto elevado.
Iniciativas práticas que funcionam no condomínio
Energia limpa e eficiente
Instalação de painéis solares fotovoltaicos, quando o condomínio tem telhado livre ou estrutura permitida. A “energia limpa por assinatura” pode ser alternativa quando a instalação direta não é compatível.
Substituição de lâmpadas por LED nas áreas comuns, garagens, halls, escadas, iluminação externa.
Instalação de sensores de presença para iluminação de corredores, garagens e escadas.
Automatização de elevadores ou sistema de regeneração de energia para elevadores (quando aplicável).
Medição individualizada ou semi-individualizada de consumo em áreas comuns para monitoramento e transparência.
Exemplo: Um condomínio de 100 unidades trocou toda a iluminação externa e internas das áreas comuns por LED + sensores. Resultado: economia de 25 % na conta de energia elétrica anual, amortizando o investimento em 2 anos.
Água de reuso e captação de chuva
Instalar cisternas para captação de água de chuva para usos não potáveis: irrigação de jardins, lavagem de áreas comuns, descargas sanitárias.
Sistema de tratamento de águas cinzas (água de pias, chuveiros, lavadoras) e reutilização em descargas ou limpeza.
Sensores de vazamento instalados em pontos críticos (salas técnicas, caixas d’água, bombas de recalque) para alertas imediatos.
Substituir torneiras e chuveiros por modelos com arejadores ou fluxo reduzido.
Dica de implementação: Antes de propor em assembleia, solicite três orçamentos técnicos com previsão de economia estimada e tempo de retorno do investimento, isso ajuda a convencer condôminos que “não é só custo extra”.
Telhados verdes e cobertura vegetal
Aplicar “telhado verde” (cobertura vegetal sobre lajes) ajuda a reduzir a temperatura interna do prédio, reduzindo o uso de ar-condicionado.
Alternativa menor: jardins suspensos, floreiras em sacadas ou cobertura de laje com substrato leve e vegetação.
Também contribui para retenção de água da chuva, aliviando drenagem, e melhoria estética/comunitária.
Cuidado: Verifique carga estrutural da cobertura antes de adotar a medida; envolve estudo técnico (engenheiro civil ou empresa especializada).
Coleta seletiva, reciclagem e redução de resíduos
Implantar estações de coleta seletiva bem sinalizadas: papel/papelão, plástico, vidro, metal.
Incentivar redução na fonte: incentivar condôminos a evitarem embalagens desnecessárias, promover campanhas “menos lixo no condomínio”.
Implantar programa de reaproveitamento ou venda de recicláveis, feita por cooperativa ou empresa de reciclagem.
Monitorar e divulgar resultados trimestrais: “reduzimos em x kg de plástico”, “ganhamos y reais com venda de recicláveis”, isso gera engajamento.
Compostagem e resíduos orgânicos
Sistema de compostagem para resíduos orgânicos de unidades e áreas comuns (restos de alimentos, jardim).
Produzir composto que pode ser usado nos jardins ou vendido para fornecedores.
Criar comissão ou grupo de moradores responsável pela compostagem, com treinamento para evitar cheiro/roedores/pragas.
Mobilidade elétrica e pontos de recarga
Prevê instalação de estações de recarga para veículos elétricos (EV) na garagem do condomínio.
Incentivar uso de bicicletas compartilhadas, ou estrutura para bicicletas (paraciclo, cobertura segura).
Criação de políticas de uso de VAGA EV com tarifa ou cobrança de energia para não prejudicar condomínio.
Tecnologia, monitoramento e automação
Instalar sistema de monitoramento de consumo de energia e água (dashboard para o síndico).
Automação de bombas de água, iluminação das áreas comuns, ar-condicionado, para operar em horários de menor tarifa ou menor demanda.
Aplicativo / portal para condôminos visualizarem dados de consumo coletivo e individuais, criando consciência.
Campanhas de engajamento e cultura condominial verde
Realizar “Semana Verde” no condomínio: oficinas, palestras, distribuição de folhetos, concurso de “apartamento mais sustentável”.
Incentivar pequenas práticas: apagar luzes desnecessárias, manter torneiras fechadas, separar corretamente o lixo.
Valorizar comunicação visual (cartazes nos elevadores, lâmpadas explicativas, QR codes com dicas).
Inserir sustentabilidade no regulamento interno ou resoluções de assembleia: por exemplo, “todo novo aparelho de ar-condicionado nas áreas comuns deverá ser de classe A de eficiência energética”.
Como implementar a sustentabilidade em condomínios: passo a passo para o síndico
Aqui vai um roteiro de ação:
Apresentar diagnóstico em assembleia: consumo energético, água, resíduos atuais. Mostrar “onde estamos”.
Propor plano de ação com 3 fases (curto, médio e longo prazo) e estimativas de custo/benefício.
Definir comissão verde: moradores voluntários + síndico + administrador. Essa comissão será a “embaixadora” das iniciativas.
Realizar aprovação em assembleia das iniciativas que requerem investimento ou mudança de gestão. Preparar minuta de resolução para cada iniciativa.
Contratar estudos técnicos / fornecedores para as iniciativas selecionadas.
Obter propostas com prazos, garantias, manutenção.
Comunicar aos condôminos: expor o plano, cronograma, benefícios esperados, e como cada um pode colaborar (linguagem informal, expressiva, opinativa).
Implementar e monitorar: executar fase 1 (tipicamente de impacto rápido), acompanhar resultados.
Usar indicadores: redução % no consumo de energia, % de água reutilizada, kg de reuso de resíduos, número de veículos elétricos carregados, etc.
Divulgar resultados periodicamente: boletins informativos, dashboard no site ou app, mural no hall, reuniões, celebrando conquistas.
Iterar e expandir: após fase 1, passar para médio prazo, aprender com erros, ajustar cronograma, preparar fase 2 e 3.
Dificuldades comuns e como superá-las
Resistência de condôminos: “isso vai dar custo/remoção/discussão”.
Solução: mostrar estudo claro de benefício, ROI, envolvimento de comissão.
Falta de orçamento: começar com iniciativas de baixo custo, ou usar financiamento verde (alguns bancos oferecem linhas “eco”).
Manutenção negligenciada: muita gente instala e esquece.
Exemplo: sistema de reuso com manutenção irregular vira foco de mau cheiro.
Solução: contrato de manutenção, calendário visível.
Falta de engajamento contínuo: mesmo que se comece bem, sem comunicação a prática se torna estagnada.
Solução: metas visíveis, campanhas periódicas, prêmios.
Problemas técnicos/estruturais: nem todo edifício permite telhado verde sem reforço estrutural; nem sempre a caixa d’água comporta reuso.
Solução: contratar laudo ou engenharia antes da compra da ideia.
Falta de mensuração adequada: “reduzimos consumo” sem saber a linha de base ou sem acompanhar.
Solução: instalar medidores, monitorar e divulgar.
Assembleia mal preparada: falta de proposta clara, orçamento, cronograma, aprovações.
Solução: preparar dossiê claro, usar linguagem direta para os moradores.
Benefícios para o condomínio, e para o síndico
Benefícios diretos da sustentabilidade em condomínios:
Redução de custos operacionais: menos energia, menos água, menos resíduos.
Valorização do imóvel: condomínios bem geridos, sustentáveis, são mais atrativos para compradores/inquilinos.
Melhor qualidade de vida: ambientes mais agradáveis (telhados verdes, jardins, áreas bem iluminadas com LED, ar interno melhorado).
Imagem positiva: “condomínio socialmente responsável”, o que pode reduzir conflitos e gerar orgulho nos moradores.
Para o síndico (ou empresa de administração)
Diferenciação no mercado de administração condominial: saber “fazer condomínio sustentável” vira diferencial competitivo.
Menor proporção de reclamações sobre contas altas ou problemas de manutenção.
Fortalecimento de autoridade e liderança junto aos condôminos.
Possibilidade de alianças com fornecedores verdes, parcerias, patrocínios, gerando vantagens.
Exemplos reais inspiradores
Um condomínio de 80 unidades em São Paulo instalou painel solar + LED + sensores de presença: economia de 30 % nas áreas comuns no primeiro ano.
Outro condomínio no Rio de Janeiro implantou cisterna de captação de chuva + tratamento de águas cinzas, usando a água para descargas e irrigação, reduzindo consumo de água potável em 45 %.
Condomínios de alto padrão em Porto Alegre que adotaram telhado verde, reduziram carga térmica no edifício, diminuindo necessidade de ar-condicionado nas áreas comuns, gerando menos consumo e maior conforto.
É importante que cada síndico analise seu caso, pois “cada prédio é único”.
Você como agente da mudança!
Síndico, gestor, administrador: a responsabilidade é grande, mas a oportunidade também.
A sustentabilidade condominial não é um “item opcional extra”, pensar nisso agora significa colocar seu condomínio à frente, reduzir custos, valorizar o imóvel e criar uma comunidade mais alinhada com os valores de 2026.
Se você fizer uma coisa agora: escolha uma iniciativa de curto prazo (por exemplo, troca de lâmpadas por LED + sensores) e comunique aos condôminos: explique o porquê, o quanto vai custar, qual o retorno. Isso gera credibilidade, engajamento e abre caminho para ações maiores depois.
Lembre-se: não basta ser verde, tem que dar certo. E com plano, engajamento e boa comunicação, você transforma essa ideia em realidade.
E se você quer contar com uma empresa para terceirização de mão de obra experiente, capaz de fornecer as melhores opções de serviços para o seu condomínio ou sua empresa, conheça agora as soluções da Combine Serviços.

Comentários